Por Andressa Lorenzetti Em Especial Atualizada em 10 ABR 2020 - 18H53

Especial: A pandemia do coronavírus já era prevista pelas religiões? Parte III

Na terceira reportagem da série, a mensagem da doutrina espírita sobre a pandemia que afeta o mundo

Arquivo Pessoal
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Luiz Eduardo Ribeiro é presidente da USE Intermunicipal de São José dos Campos e participante do Centro Espírita Divino Mestre


Durante esta semana, o Portal Meon ouviu lideranças religiosas da RMVale, para entender também de forma espiritual, como as doutrinas acompanham por meio da fé esse momento delicado que passamos mundialmente com a pandemia do coronavírus.

Na terceira reportagem da série, a gente traz o conhecimento espírita, com o presidente da União das Sociedades Espíritas (USE) Intermunicipal de São José dos Campos, Luiz Eduardo Ribeiro, que participa do Centro Espírita Divino Mestre.

Antes de falar da pandemia, Luiz Eduardo traz uma breve explicação sobre a doutrina, que serve como reflexão para aqueles que seguem e como aprendizado para quem ainda não conhece. Confira:

" O Espiritismo é uma doutrina que veio através do Livro dos Espíritos em 1857 codificado por Alan Kardec, o que significa que, Alan Kardec não escreveu por si as coisas que estão nesse livro. Ele foi um pesquisador, percebeu que havia uma série de fenômenos tidos como sobrenaturais, mas que não eram, porque ele como cientista não aceita essa hipótese, pois tudo tinha que ser natural. Então ele foi pesquisar as causas daqueles fenômenos do tipo em que as mesas giravam, partiam, batidas dentro das paredes, as pessoas falavam em estado de sono, e outros fenômenos. Através desses fenômenos vieram as respostas. Respostas muito inteligentes, de alta filosofia, através de meninas médiuns ou através de pessoas que não tinham conhecimento daquilo que estava sendo transmitido, era um conhecimento de alto nível filosófico e então ele identificou como sendo almas das pessoas que viviam antes, como bispos, pessoas simples e até reis".

Continua falando sobre :"Essas almas, que já tinham vivido antes, cujo corpos morreram, continuam vivas e continuam a falar através desses fenômenos. Na verdade, isso sempre existiu e existe até hoje. É que em várias épocas da humanidade isso foi visto como algo ruim, mas elas mesmas disseram que muitas delas, trabalham para o bem comum, para o bem da sociedade, para o crescimento de todos nós, assim como muitos aqui trabalham. Daí surgiu o Livro dos Espíritos".

O livro foi a base da doutrina espírita, tempo depois veio o desdobramento por outras obras, de outros médiuns e espíritas estudiosos. Luiz explica que o processo do espiritismo segue em evolução assim como as pessoas.

"A doutrina ainda está em construção o tempo todo, não vai ter fim. O que traz é uma visão de Deus, sendo a causa primária de todas as coisas, presença suprema que criou os espíritos, criou os planetas, o universo, tudo. Mas com o auxílio dos próprios espíritos que atingiram um estado de evolução bem superior. Ele criou os espíritos que somos nós e que são eternos, eles vão viver para a eternidade, o espírito em si não morre, somente os corpos que habita. E nessa vida eterna, o espírito evolui, quando ele foi criado foi criado simples e ignorante e passa por uma fase primitiva, vivendo em mundos primitivos, em corpos, para atingir o estado de civilização aonde ele consegue já conviver com outros seres humanos, consegue estabelecer uma vida de sociedade. Depois ele cresce até atingir a pureza espiritual".

A doutrina espírita elucida que o espírito precisa, diversas vezes, habitar corpos físicos, sendo isso o que chamamos de reencarnação. O corpo morre, mas a alma volta para o mundo espiritual que conquistou e avalia o que fez de errado e volta de novo para refazer, para reaprender ou aprender novas coisas, e esse é o processo contínuo do aprendizado. O líder espírita acrescenta também:

"Nessa situação de conhecimento espiritual, a razão do espirito ter que nascer em corpos é para que ele possa provar a sua evolução, seus novos conhecimentos, suas novas responsabilidades, as suas virtudes, então existem provas, que são circunstâncias da vida até mesmo muito difíceis, que vão provar as suas conquistas. E algumas vezes nessas provas ou expiações*, ele acaba por tropeçar e exercer ações muito egoístas ou com muito orgulho, e assim acaba causando muitos danos para outras pessoas. A justiça divina é tão fantástica que essas pessoas que acabam sofrendo as ações perversas dos espíritos que erram durante essas provas são pessoas que já em vidas anteriores cometeram os mesmos erros e que agora nascem e sofrem as consequências de erros parecidos. Isso aí a gente dá o nome de expiação. Portanto a vidas tem provas e expiações. Prova é aquilo que você vai ter que entender como um aprendizado e as expiações são para que você possa visualizar a sua responsabilidade diante dos erros cometidos. Não é exatamente um castigo, é como uma forma de aprender novamente".

Reforça que essas expiações, podem ter o impacto particular que é uma coisa para um espírito ou pode ser coletiva, quando todos acabam sofrendo com circunstâncias muito parecidas. Porque aquela coletividade toda, pode ter uma coisa em comum em ter cometido um erro coletivo e pode sofrer junto, ou escolheu passar por aquele processo, até mesmo precisa passar aquilo por algum outro motivo, algo que ele relaciona à pandemia atual.

"Aí que a gente chega na pandemia com o nome de coronavírus, não é muito diferente das outras várias pandemias que já ocorreram antes e que ainda poderão vir a ocorrer. Assim como qualquer outro tipo de fenômeno como da natureza, vulcões que acabam destruindo cidades, furacões e problemas econômicos, tudo isso aí, se trata de uma necessidade espiritual para que as almas que estão naquele local tenham que realmente passar por essa situação, referente às coisas que fizeram no passado e que agora precisam ser vividas. Mas não são todos, muitas almas que estão no meio, que passam por uma pandemia como essa por exemplo, ou como qualquer outra situação de destruição, são almas que já cresceram muito e já estão numa situação maior espiritualmente, e que aceitam enfrentar esses problemas com outros para dar suporte, para dar força, para sustentá-los, para dar ideias novas, ajudar na persistência, esperança. Uma série de pessoas que são comuns, como nós que levam aos outros que vivem em desespero, uma mensagem de acolhimento".

E segue com a seguinte mensagem: "Nesse conjunto todos crescem, o grande objetivo para essas almas todas, esses espíritos encarnados é crescerem, se aprimorarem, para se tornarem espíritos melhores, esse é o grande objetivo desde quando fomos criados. E quando uma grande coletividade de espíritos cresce, atinge um determinado estágio de crescimento e muda para uma outra etapa de vida, a gente dá o nome de ciclos de crescimento do mundo. O Planeta Terra está passando por uma outra etapa, está numa transição, numa etapa diferente que o espiritismo dá o nome de regeneração. Quer dizer que uma grande coletividade de espíritos encarnados vai se dedicar para o bem, quando uma coletividade menor vai dar passos na maldade e interesses próprios".

E finaliza com a seguinte reflexão: "Tem uma grande quantidade de pessoas que só pensam em si, é muito orgulho, muito egoísmo. Essa fase de transição começou exatamente agora e a doutrina espírita vê isso como um processo comum, um processo normal, de crescimento que fomenta o crescimento dos espíritos, dos seres humanos que estão encarnados. Isso vai nos levar para uma situação melhor, uma visão melhor, a gente vê as pessoas sendo mais solidárias, procurando ajudar umas às outras, e faz com que pensem no bem, sejam mais ativas, o que é um grande sinal de mudança".

Apesar do entendimento que cada um tem que passar pelas experiências da alma, Luiz ressalta que não podemos abandonar o próximo, que devemos fazer a nossa parte agindo com bondade e cuidando do nosso corpo físico como processo evolutivo de cada um. Ele fala ainda sobre como os centros espíritas estão lidando com as recomendações sanitárias para prevenção do vírus.

"As recomendações que a gente passa para os espíritas é que sigam as orientações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde. A gente não cria nenhuma recomendação a mais e nem a menos. A gente recomenda suspender as atividades, para evitar aglomeração, porque nas casas espiritas as pessoas vão para assistir palestras, participar de cursos para serem atendidos e não tem como evitar. Sugerimos que as casas espíritas façam suas atividades de forma virtual, veiculem suas atividades pela internet e pelas redes sociais. Que unam as pessoas através de aplicativos para fazer os cursos e reúnam grupos de orações dessa forma. Algumas por não terem tantos recursos, contam com o apoio de outras para continuar levando a mensagem".

* Luiz Eduardo Ribeiro é presidente da União das Sociedades Espíritas Intermunicipal de São José dos Campos, órgão da USE de São Paulo, e participante do Centro Espírita Divino Mestre de SJC.

*Expiações- é uma palavra que vem do Latim: expiatione. A palavra expiação encontra-se poucas vezes na Bíblia, mas o conceito da expiação constitui o assunto principal do Antigo e do Novo Testamento. Palavras mais conhecidas como reconciliação, propiciatório, sangue, remissão de pecados e perdão estão diretamente relacionados com esse tema.

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